Criatividade e Interpretação
De forma a estimular a criatividade e a imaginação, vou pedindo a alunos/as que escrevam pequenas histórias, contos, poemas, sobre as obras que interpretam. Recentemente e durante a preparação de “Asanga” de Kevin Volans (n. 1949), o Nelson Ferreira escreveu um belíssimo conto, que transcrevo abaixo. Aqui fica o desafio, para que explorem a vossa imaginação através da escrita!
Conto inspirado em "Asanga", Kevin Volans Era uma vez uma jovem que se chamava Asanga. Ela pertencia a uma comunidade tribal que vivia no meio da selva, onde se podia ouvir todos murmúrios da natureza. Asanga gostava muito dos momentos em que toda a tribo se reunia depois de jantar e dançava. Certo dia, Asanga perguntou a seu pai se havia algo que a pudesse fazer mais feliz que esses momentos e o pai respondeu-lhe sorrindo que um dia ela descobriria. Insatisfeita e curiosa com a resposta do pai, Asanga perguntou à sua melhor amiga se sabia a que o seu pai referia. A amiga, que partilhava o amor pela dança, disse-lhe que os seus pais também lhe tinham falado muito vagamente de algo que ela adoraria. A partir daí, as duas amigas andaram sorrateiramente a ouvir as conversas dos adultos para tentar descobrir ao que seus familiares se referiam. Foi quando ouviu uma senhora idosa a falar da sua juventude e de um lugar especial que as duas amigas se aperceberam que era mesmo verdade. Pediram tanto à senhora que lhes contasse acerca desse sítio que ela, na sua amabilidade, lhes disse para irem ter com o ancião da aldeia e mostrar-lhe o quanto gostavam de dançar. Quando encontraram o ancião e dançaram para ele, o ancião sorriu e disse-lhes que as levaria ao lugar mágico, mas que só lá poderiam ir uma vez com a orientação dele. O ancião guiou-as por caminho sinuoso e arriscado, mas quando chegaram, as duas amigas depararam-se com um espaço de tal forma belo sublime e imponente que nem conseguiram acreditar. No momento em que finalmente caíram em si, as duas amigas começaram a dançar com todo o entusiasmo que tinham dentro de si. Dançaram de coração cheio por horas, até que a certo ponto se agarraram e juntas, fizeram um dueto de se tirar a respiração, quase como se tivessem sido inspiradas pela natureza que as rodeava. Quando finalmente pararam de dançar, olharam em volta e apreciaram os encantos do meio grandioso que as rodeava. Voltaram, cheias de energia, pelo tortuoso caminho por onde tinham vindo e quando chegaram à aldeia foram logo ter com a senhora que lhes tinha tão generosamente ajudado a viver tão contentes momentos. Lembrando-se que o ancião não mais as levaria lá, questionaram a senhora acerca de como podiam lá voltar, ao que ela lhes respondeu que se realmente amavam dançar só precisavam de fechar os olhos e imaginar lugar fantasioso onde tinham estado. A partir desse dia, Asanga e a amiga juntavam-se todos os dias logo a seguir à dança posterior ao jantar e recriavam aquele dueto arrebatador. Possuídas pelo encantamento das memórias daquele deslumbrante lugar, iam todos os dias dormir exaustas, mas com um sorriso na cara.
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